• 19 de abril de 2024

Ministro do Trabalho se reúne com entidades sindicais para discutir os casos de trabalho análogos à escravidão registrados na região

 Ministro do Trabalho se reúne com entidades sindicais para discutir os casos de trabalho análogos à escravidão registrados na região

Na manhã desta segunda feira, 20 de março, o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, se reuniu com entidades sindicais, lideranças políticas e deputados estaduais e federais gaúchos num almoço realizado no salão de festas do Sindicomerciários Caxias, seguindo para o auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, para discutir os casos de trabalho análogos à escravidão registrados na região. Na parte da noite estará em audiência pública, em Porto Alegre, a partir das 18h30, na Assembleia Legislativa.

O convite foi realizado pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e demais entidades sindicais, em função dos recentes casos de trabalho análogo à escravidão identificados em vinícolas da serra gaúcha, em que 207 pessoas foram resgatadas. Na última sexta-feira (10), as entidades organizaram o seminário O seminário “Trabalho Decente sim, Trabalho Escravo não”, na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul (RS), que contou com a presença de lideranças políticas nacionais, como o Senador Paulo Paim (PT).

MANIFESTO

Guiomar Vidor, presidente da CTB-RS e Fecosul, entregou ao ministro o manifesto “TRABALHO DECENTE, SIM! TRABALHO ESCRAVO, NÃO!”, aprovado no seminário, passando a ser uma ferramenta de mobilização em defesa das mudanças necessárias no mundo do trabalho, que será entregue às autoridades competentes e aos poderes executivo, legislativo e judiciário.

Entrega do manifesto ao Ministro do Trabalho

O ministro destacou em sua fala que a Reforma Trabalhista causou o agravamento dos casos e aumento do registro de trabalhos análogos à escravidão, entre muitos outros problemas. “Ela teve o objetivo de quebrar, asfixiar o movimento sindical brasileiro. Nós temos a obrigação de trabalhar um processo de reorganizar, reconstruir, para poder representar a classe trabalhadora. Queremos construir com as Centrais e com os Sindicatos a revisão de pontos da Reforma Trabalhista e também qual a melhor estrutura sindical para melhor representar os trabalhadores. ” Marinho também defendeu uma atuação em conjunto para que se erradique o trabalho escravo.

RECONSTRUÇÃO

Para Nilvo Riboldi Filho, presidente do Sindicomerciários Caxias, “discutir as medidas a serem tomadas para a erradicação do trabalho análogo à escravidão, não só em nossa região, mas em todo o país, é fundamental”. Nilvo lembra que “estamos num processo de reconstrução do país, quando saímos de um cenário de perseguição aos direitos trabalhistas, entidades que defendem os trabalhadores e, até mesmo da Justiça do Trabalho, que deteriorou os vínculos empregatícios, que precarizou, levando milhões de brasileiros à miséria, que é um dos principais causadores de fatos como estes que foram registrados”. Para o comerciário, a miséria é sem dúvida uma das causas que levam as pessoas a acabarem em situação como a que vimos, sendo exploradas por outras que agem de má fé.

Vidor finalizou afirmando que a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras é pela recuperação da nação, com democracia, direitos, empregos, valorização do trabalho, igualdade e desenvolvimento com justiça social. “Essa perspectiva é que pode gerar um futuro com dignidade para o nosso país, essa luta deve ser de todos. Nosso desafio é mobilizar a sociedade e o sistema produtivo nacional”, disse. O dirigente também considera crucial a batalha pela redução da taxa de juros. “Sem a redução dos juros do Banco Central o país não vai conseguir andar pra frente”, alertou. 

Mais cedo, em Bento Gonçalves, o Ministro do Trabalho visitou o alojamento no qual 207 trabalhadores em situação semelhante à escravidão foram resgatados. Ele também se reuniu com prefeitos da região, deputados e órgãos fiscalizadores. O principal objetivo do encontro foi alinhar estratégias para organizar o setor e evitar situações semelhantes nas próximas safras da uva.

“Pra chamar atenção, primeiro do problema, que nós queremos evitar que outros aconteçam. Não é discutir somente com o pessoal do arroz e do vinho. É discutir com as outras culturas também. Que é preciso antecipar, na hora, antes de iniciar, faça um contrato do setor inteiro, organize os prestadores de serviço de qualidade, faça os contratos adequados, que dê conta de uma remuneração decente para todos elos da produção que tenha na sua eventual safra, e isso vale também para a indústria. Não é só o campo não, vale pra indústria, pra serviço, pra comércio, nós queremos que o Brasil seja livre do trabalho análogo à escravidão e exploração da mão de obra infantil”, disse.

LEIA O MANIFESTO

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