• 2 de dezembro de 2024

Ford: Brasil segue perdendo indústrias e empregos

 Ford: Brasil segue perdendo indústrias e empregos

Causou grande surpresa e preocupação o anúncio da Ford nesta segunda, 11, sobre o fechamento de suas fábricas e o encerramento da produção no Brasil. A decisão causará a demissão de cerca de 5 mil funcionários, em plena pandemia, nas fábricas de Taubaté (SP), em Horizonte (CE) e em Camaçari (BA). Mas o impacto no desemprego deverá ser ainda bem maior se considerarmos as empresas sistemistas que trabalham para fornecer peças para a montadora norte-americana.

Segundo as muitas análises após o anúncio, entre os fatores determinantes estão a falta de credibilidade do governo e a ausência de um projeto de desenvolvimento no nosso país que coloque o fortalecimento da indústria nacional no centro da prioridade, ao lado do fortalecimento da renda das pessoas para recuperar o consumo interno.

Mas soma-se a isso a “irresponsabilidade social” da Ford que, mesmo após ter recebido mais de R$ 20 bilhões de incentivos entre 1999 e 2020, simplesmente retira-se do país. Já se notava há algum tempo a falta de investimentos da empresa em suas fábricas no Brasil, algo contrastante com os US$ 580 milhões anunciados em dezembro para desenvolver a próxima geração da picape Ranger e modernizar a fábrica na Argentina.

Segundo nota da CTB: “é lamentável que o presidente do Brasil se cale e se omita diante de mais um retrocesso para a indústria brasileira. Mas, infelizmente, é cada vez menos surpreendente que uma empresa do porte da Ford prefira manter seus negócios em países de economia de menor porte, como a Argentina e o Uruguai, transferido para lá empregos qualificados e decentes”.

Não é de hoje que grandes empresas multinacionais, principalmente as fabricantes de veículos, estimulam uma verdadeira guerra fiscal com enormes benefícios para sua instalação. O problema é que isto se dá à custa da destruição da capacidade fiscal dos estados sem trazer desenvolvimento sustentado. É dinheiro que faz falta na saúde, na educação e na segurança. Assim, as multinacionais promovem uma competição desleal e nociva, buscando salários mais baixos e flexibilidades ambientais que já não encontram nos seus países sede. Foi isto que aconteceu há 22 anos no RS, quando a Ford desistiu do nosso estado e foi para a Bahia, a qual abandona agora deixando milhares de desempregados.

O Sindicomerciários Caxias solidariza-se com as famílias dos metalúrgicos da Ford e alerta para a necessidade urgente de o nosso país retomar o desenvolvimento. Isto, na prática, significa enfrentar o grave problema da falta de investimento sustentável na nossa indústria, assim como valorizar o trabalho recuperando direitos dos trabalhadores e trabalhadoras perdidos nos últimos anos. O Brasil precisa de um projeto nacional de desenvolvimento soberano, com geração de empregos qualificados para combater as desigualdades e fortalecer nossa economia e nosso mercado consumidor.

Nilvo Riboldi Filho

Presidente do Sindicomerciários Caxias

Comerciários

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