• 29 de março de 2024

Em pleno século 21, as mulheres negras ainda são as maiores vítimas de preconceito e violência

 Em pleno século 21, as mulheres negras ainda são as maiores vítimas de preconceito e violência

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as mulheres negras representam 25% da população brasileira, mas estão sub-representadas em praticamente todas as esferas da sociedade.

Por isso, conforme Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da CTB, “é fundamental fazer esse recorte na luta pela emancipação feminina”. Para ela, “a questão da mulher negra está imbricada com a questão da luta contra a escravidão e na tentativa de superar as mazelas do racismo, que cada vez mais se torna explícito no país”.

Já o estudo “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mostra que o rendimento médio das mulheres negras cresceu 80% de 2005 a 2015, mas continua 59% a menor do que recebem os homens brancos.

E ainda por cima, “exercem as funções que pouca gente quer fazer, sofrem assédio moral e sexual por ficarem mais expostas e ainda veem seus filhos serem mortos precocemente pela mão armada do Estado nas periferias”, acentua Custódio.

Pesquisa do Instituto Ethos, de 2015, aponta que apenas 3,6% das grandes empresas contam com políticas de inserção de negras e negros no quadro de funcionários. Já as mulheres negras eram escassas 0,6% das executivas.

“Não precisa nem de pesquisa para comprovar essa realidade”, reforça Lidiane Gomes, secretária da Igualdade Racial da CTB-SP. “Basta ver quantas professoras negras existem na rede privada e mesmo na pública, embora em número maior, somos poucas”.

E para piorar, quase no final dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres de 2017, o Portal CTB constata uma triste realidade. As mulheres negras têm 2 vezes mais chances de sofrerem morte violenta do que as brancas. E olha que o índice de feminicídio no Brasil é assustador.

De acordo com o 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, somente em 2016 foram assassinadas 4.657 mulheres e 49.497 estupros registrados no país. Sendo que, segundo o Ministério da Justiça, as negras representam 68,8% das vítimas fatais por agressão, tendo duas vezes mais chances de serem mortas. Inclusive, o Mapa da Violência 2015 mostra que de 2003 a 2013 cresceu 54,2% o assassinato de mulheres negras no país.

Isso ocorre porque, para Custódio “estamos vivendo em um sistema de alienação e desintegração de valores humanos, estruturado em extrato político cultural do patriarcado, que se estabelece em nossa sociedade com uma voracidade avassaladora contra as conquistas dos últimos anos”.

Já Santa Alves, secretária da Igualdade Racial da CTB-DF, reclama da invisibilidade da mulher negra em todos os setores. “Ser mulher, negra já nos traz dupla discriminação. Ainda por cima ser sindicalista nos impinge a necessidade de uma força sobre-humana para lutar contra o machismo e os preconceitos existentes no movimento sindical”, diz.

Por isso, “nossa pauta para 2018 é salário igual para trabalho de igual valor e empunharemos a bandeira que as vidas Negras importam. Porque todas as vidas importam”, conclui Custódio.

Fonte: Portal CTB
Ilustração: Casa da Mãe Joana

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