• 28 de março de 2024

Crime: centrais denunciam pressão e coação de empresas para voto de cabresto

 Crime: centrais denunciam pressão e coação de empresas para voto de cabresto

A CTB RS e a CUT RS, representando as centrais sindicais, se reuniram na tarde de sexta-feira, 7, com o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS), em Porto Alegre, para denunciar assédio eleitoral orquestrado de empresas a funcionários e fornecedores para que votem nos candidatos dos patrões.

As entidades reforçaram a necessidade de acelerar a investigação e a responsabilização das empresas que têm coagido trabalhadores e trabalhadoras caso o ex-presidente Lula (PT) seja eleito.
Crime eleitoral
Para o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, essas artimanhas patronais constrangem os trabalhadores. “Isso é crime eleitoral porque em plena democracia, no Estado Democrático de Direito, os patrões se arvoram nessa condição de tutelar os trabalhadores no seu voto, na sua liberdade e na sua segurança em relação ao segredo do seu voto e seu posicionamento político”, disse.
“Inadmissível que essa disputa política em curso, que tem que ser assumida como um processo democrático, entre para dentro dos locais de trabalho onde a parte mais forte, o empregador, utilize da sua autoridade, da sua hierarquia, em um tempo de desemprego, de fome e de miséria, para constranger seus trabalhadores e trabalhadoras que pensam diferente”, afirma Cenci.
Amarildo salientou que a atitude do coação é “abuso de alguns, deixando claro que não são todos, mas alguns bolsonaristas que estão agindo inescrupulosamente”.
Segundo o dirigente da CTB RS,  Eder Pereira da Silva, presente na reunião, o comportamento das empresas é inadmissível. Ainda segundo ele, as centrais estão estudando o ajuizamento de uma ação civil pública junto à Justiça Eleitoral “para que também responsabilize criminalmente essas empresas”.

Ação orquestrada para voto de cabresto

O advogado Denis Einfloft, integrante do Coletivo Jurídico da CUT-RS, destacou que já foi formado um grupo responsável por acompanhar esses casos. “O coletivo está atento, não só para acompanhar nas visitas institucionais, mas também para propor as ações cabíveis na Justiça do Trabalho, na Justiça Eleitoral e aonde for cabível para garantir o direito de expressão e voto da classe trabalhadora”, enfatizou.
Segundo Denis, “tudo indica que existe uma ação orquestrada por entidades de representação patronal que estão disseminando um conteúdo padrão para seus associados”.
Em diversas regiões do Estado, comunicados ameaçadores divulgados por empresas seguem a mesma linha. “Varia o português e o percentual de cortes nos orçamentos, mas a ideia está concatenada. É isso que nos evidencia como uma ação que está sendo tomada em conjunto”, ressaltou advogado.

Coação eleitoral
Stara
A Indústria de Implementos Agrícolas Stara, com sede em Não-Me-Toque e filiais em Carazinho e em Santa Rosa, cometeu um crime eleitoral na segunda-feira (3), um dia após o primeiro turno vencido pelo ex-presidente Lula.
Em carta enviada aos seus fornecedores, a empresa afirma que, se Lula for também o vencedor do segundo turno, “deverá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30%”.
O dono da Stara, Gilson Lari Trennepohl, é filiado ao União Brasil e apoiador do atual presidente. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele fez doações de R$ 350 mil para a candidatura de Bolsonaro e R$ 300 mil para a do ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), que disputa o segundo turno para governador do RS.
Extrusor
Já a Extrusor – Comércio de Máquinas e Equipamentos, com sede em Novo Hamburgo, também emitiu documento aos fornecedores na terça-feira (4), alertando que “caso os resultados da eleição se mantenham da mesma forma atual, ao fim do ano passaremos a nossa empresa da forma física para a forma virtual, mantendo nosso trabalho apenas na internet”.
A empresa ainda diz que “assim sendo, não teremos mais a necessidade de serviços, peças e insumos no comércio local”.
Mangueplast
A Mangueplast Indústria de Mangueiras, por sua vez, que fica na cidade de Barão, no Vale do Caí, avisou na terça-feira os seus clientes que vai investir menos e produzir menos, o que, consequentemente, significa reduzir o quadro de pessoal.
O comunicado é assinado pelo dono da empresa, Marcelo Delazzari. A justificativa usada é a “instabilidade política e econômica que vive e viverá o Basil nos próximos anos, caso se confirme em segundo turno os resultados prévios do pleito eleitoral de 2 de outubro”.
Outras empresas
Também serão alvo mais três empresas do município de Cachoeirinha: Parks S.A., fabricante de equipamentos de transmissores de comunicação, peças e acessórios; Tecnomola – Indústria de Molas; a Metalúrgica Arauterm.

Crime dá cadeia e multa
A lei é clara. O assédio eleitoral ou a compra de votos é crime, conforme previsão em lei pelo artigo 301 do Código Eleitoral. A legislação estabelece pena de até quatro anos de reclusão e pagamento de multa para quem “usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido”.
Os patrões também não podem oferecer benefícios ou vantagens a alguém que busca uma vaga ou obrigar um trabalhador a vestir uma camiseta de um candidato. Isto é considerado “abuso do poder diretivo” da empresa.
FONTE: CUT RS com EXTRA CLASSE
Foto: Carolina Lima

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