Comerciários e comerciárias debatem a violência contra as mulheres e iniciam comemoração do Mês da Mulher
Nesta segunda-feira, 6 de março, o Sindicomerciários Caxias iniciou as comemorações e atividades de luta do Mês das Mulheres com a realização do debate “Uma vida sem violência é um direito das mulheres”. O evento reuniu comerciários, comerciárias e familiares no auditório da entidade, participando da recepção com apresentações artísticas e musicais.
O evento contou com as debatedoras Rúbia Hoffmann Ribeiro, representante da União Brasileira de Mulheres (UBM Caxias); Joceli Queiroz, do Conselho de Direitos da Mulher (COMDIM); a Soldado Catiele Carvalho Pereira e Sargenta Fabiana, da Patrulha Maria da Penha; Eremi Melo, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); Bianka Zilio, diretora do Sindicomerciários Caxias.
Nilvo Riboldi filho, presidente do Sindicomerciários Caxias, iniciou o evento agradecendo a grande participação da nova diretoria na organização. “A presença de cada um neste debate é importantíssima, pois sabemos que as mulheres representam a principal força da nossa categoria, e em nossa vida. Sabemos que as trabalhadoras sofrem com a desigualdade no mercado de trabalho, que precisam se dedicar muito mais que os homens, pois a maioria tem dupla e, até mesmo tripla, jornada de trabalho. Sem falar que são as principais responsáveis pelo sustento de muitas famílias, pela educação e cuidado para com os filhos”.
Violência contra as mulheres
Rúbia Hoffmann, representante da UBM Caxias e formada em história, iniciou sua participação no debate falando sobre os cinco tipos de violência sofridas pelas mulheres: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Falou sobre o processo inicial das agressões, que normalmente inicial mais leves, mas que se forem ignoradas tendem a se agravar com o passar do tempo. Lembrando que é fundamental a busca da independência financeira das mulheres, para evitar que a dependência econômica em relação ao parceiro acaba por tornar o período de agressões ainda maiores, podendo acabar até na morte. A militante da causa feminista lembrou da importância da participação dos homens em debates como o que estava sendo realizado, lamentando que ainda seja baixa a participação masculina. Finalizou afirmando que” é fundamental que as mulheres sejam protagonistas, ocupem os espações político e fomentes o debate, as mudanças. ”
Eremi Melo, da CTB, lembrou que “todos os presentes no evento eram trabalhadores, que vendemos nossa mão de obra, trabalho, contudo, sabemos que existe uma diferença, pois nós mulheres ainda enfrentamos a diferenciação salarial, além de outros problemas já abordados”. Salientou que os trabalhadores tiveram uma importância fundamental na luta contra o fascismo, a escalada do ódio em nosso país. “Infelizmente muitos colegas nossos não retornaram aos seus trabalhos após o trágico período da pandemia pelo qual passamos, fruto do desgoverno, da negação da ciência”. Concluiu que “precisamos eleger representantes que estejam alinhados com as causas dos trabalhadores, das mulheres, das minorias, para superar o atraso sofrido nos últimos anos e voltar a conquistar novos direitos! ”
Joceli Queiroz, do COMDIM, resgatou a criação do Conselho de Direitos da Mulher em Caxias do Sul, “fruto de uma visão humanista e voltada as minorias na época (Governo Olívio), quando tínhamos um governo popular, que mantinha o diálogo com a sociedade”, que, na visão da debatedora, é fundamental para que possamos implementar mecanismos de proteção contra a violência cometida contra as mulheres, e, consequentemente, seus filhos. “Infelizmente, nos últimos anos, nossa cidade e região voltou a ser uma das mais violentas do país!”, ponderou. “A romantização do feminicídio é um dos principais problemas que precisamos enfrentar. Quem ama não mata, isso não é amor!”, enfatizou. “Estamos num momento de reconstrução, depois de um período de desmonte da rede de proteção, dos conselhos, nos últimos anos. Mas, o mais fundamental sempre a ser dito é: NÃO TENHAM MEDO DE DENUNCIAR.
A Patrulha Maria da Penha foi representada no debate pela Soldado Catiele Carvalho Pereira e a Sargenta Fabiana, que fizeram a apresentação da vivência nos trabalhos que “visam garantir a execução de fato da medida protetiva, afastando a vítima do agressor”, explica Carvalho. “Desde sua implantação, garantimos que nenhuma mulher, ou até mesmo membros de relações homoafetivas, voltem a ter registros de agressões! ” Segundo o relato das policiais, “geralmente, as mulheres estão muito abaladas psicologicamente. Elas têm medo de realizar a denúncia, acreditam que não vai adiantar. As ameaças e mentiras sofridas dos parceiros causam a sensação de impunidade, após inúmeras ameaças, mentiras, violências, que criam risco a sua vida ou de seus filhos, que muitas vezes são usados contra a vítima”. Contudo, “não podemos nos calar, deixar que nos intimidem. Utilizem um dos canais de denúncia. E, se virem um caso de agressão, também denunciem, não se omitam. Não deixem que chegue a um estado em que não se possa mais salvar a vítima! A mulher nunca quer acreditar que aquele homem, que um dia amou, possa matá-la”. (Vejam no final da matéria os canais de denúncia).
O debate foi conduzido pelos comerciários Bianka Zilio e Rodrigo Conceição dos Santos. Durante o evento estiveram se apresentando os músicos Catrine Matos, tocando violino; Gabrielli Moura, teclado e Bruno Calçada no violão. O evento também contou com a apresentação de tango do Espaço de Dança André Ribeiro, que esteve acompanhado de sua parceira Gilmara Rossa. Os participantes receberam materiais com informações sobre os canais de denúncia de violência contra a mulher.
Dia Internacional da Mulher
O dia 8 de Março, quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres marca o incidente ocorrido nos Estados Unidos quando em 25 de março de 1911 uma fábrica têxtil pegou fogo, causando a morte de 130 mulheres. Contudo, esse foi apenas um dos episódios que culminaram com a escolha desta data. Foram décadas de lutas no final do século 19, de organizações femininas, geralmente originadas nos movimentos operários de toda a Europa e Estado Unidos, lutando por condições dignas de trabalho, dignidade. Nesta época se trabalhava mais de 15 horas por dia, até mesmo as crianças. A luta estava apenas iniciando, muito antes da data definitiva ser de fato estabelecida.
Somente em 1977 o 8 de março foi definido como o Dia Internacional da Mulher, depois de décadas lutando, enfrentando as grandes guerras e as transformações sociais. Apesar das conquistas históricas das mulheres, avanços, ainda há muito pelo que lutar, por igualdade, respeito e, pelo fim de toda e qualquer forma de violência!
Percorremos muitas décadas de lutas para que hoje cada mulher possa ter seus direitos, como do voto, por exemplo, garantidos. E, ainda falta muita luta pela igualdade, pelo fim da violência, e muitas reivindicações.
Como denunciar
Coordenadoria da Mulher: (54) 3218.6026
Centro de Referência para a Mulher: (54) 3218.6112
Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM): (54) 3220.9280
Patrulha Maria da Penha: (54) 9 8423.2154
Central de Atendimento à Mulher: telefone 180