• 2 de dezembro de 2024

Brasil ultrapassa 300 mil mortos por Covid-19

 Brasil ultrapassa 300 mil mortos por Covid-19

Mesmo com tentativa do governo de reduzir número oficial de mortes, país registra mais 1.999 mortes. Pior momento da pandemia se aprofunda e Fiocruz alerta para urgência de “lockdown”

Por Redação RBA

O Brasil ultrapassou nesta quarta-feira (24), a marca de 300 mil mortos pela covid-19. Desde o início do surto, em março de 2020, os registros oficiais apontam 300.675 vítimas, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). O órgão recebeu, nas últimas 24 horas, notificações que somaram mais 1.999 óbitos ao trágico balanço da pandemia no país. Entretanto, o número está defasado. Isso porque o governo impôs, também hoje, exigências novas para notificações, sem aviso aos municípios e estados, dificultando o registro total de mortes no período. Horas após a decisão, com a intensa repercussão negativa entre amplos setores da sociedade, o governo recuou. Assim, a distorção dos dados de hoje tende a ser corrigida nos próximos dias.

Nas últimas 24 horas também foram reportados 89.414 novos casos de covid no Brasil, totalizando 12.219.433 desde o ano passado. A RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conass. Eventualmente, elas podem divergir dos informados pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências para mais ou para menos são sempre ajustadas após a atualização dos dados.

A marca de 300 mil mortes é superada exatamente um ano após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro sobre a pandemia em cadeia nacional. Na ocasião, o presidente já mostrou qual seria sua postura ante o surto. Exceção quase única em todo o mundo, ele adotou de imediato a negação da ciência e a ignorância como políticas de governo. Chamou a covid-19 de “gripezinha”, disse se tratar de “verdadeira histeria” propagada pela mídia, cravou que “brevemente passaria” e, num arroubo pessoal e desnecessário, que ele não precisaria se preocupar com o vírus em razão de “seu histórico de atleta”.

O aliado do vírus

A marca de 300 mil mortes é superada exatamente um ano após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro sobre a pandemia em cadeia nacional. Na ocasião, o presidente já mostrou qual seria sua postura ante o surto. Exceção quase única em todo o mundo, ele adotou de imediato a negação da ciência e a ignorância como políticas de governo. Chamou a covid-19 de “gripezinha”, disse se tratar de “verdadeira histeria” propagada pela mídia, cravou que “brevemente passaria” e, num arroubo pessoal e desnecessário, que ele não precisaria se preocupar com o vírus em razão de “seu histórico de atleta”.

Desde então, Bolsonaro coleciona descasos mesmo ante a morte diária de centenas de brasileiros, que agora morrem aos milhares. Atuou pessoalmente para que a situação fosse agravada. Estimulou e promoveu aglomerações, disse que o uso de máscaras é “coisa de maricas”, disse que “não compraria e não tomaria” vacinas e passou a estimular os brasileiros a tomar medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19, como a cloroquina e a ivermectina. O governo chegou a pressionar para que estados e municípios distribuíssem o chamado “kit covid”, que hoje, é apontado como responsável direto pela morte e adoecimento por hepatite medicamentosa em pessoas saudáveis.

Mais mentiras

Ontem, Bolsonaro voltou a se pronunciar em rede nacional. Em discurso breve, Bolsonaro voltou a apresentar informações mentirosas sobre a atuação de seu governo ante a pandemia. No dia em que o país contabilizou mais de 3.200 mortes, disse que “o governo não deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia”, e disse que o Brasil é o quinto país que mais vacinou no mundo.

Bolsonaro “esquece” que as ações de seu governo que dificultam, e até impediram, o combate à covid. O presidente chegou a entrar na Justiça contra medidas de isolamento, que são unanimidade entre a comunidade científica para conter a disseminação do vírus. Além disso, Bolsonaro distorce os dados para confundir a população. Ele baseia sua bravata em números absolutos de vacinas aplicadas no Brasil – cerca de 12 milhões de doses. Porém, na relação de vacinados proporcionalmente à sua população, o país não está sequer entre os 50 que mais vacinaram.

O pior momento

O Brasil é o epicentro da covid. Ontem, o país foi responsável por um terço das mortes registradas em todo o planeta. Desde o dia 9 de março é o país que registra mais casos e mortes no mundo, superando os Estados Unidos. Enquanto isso, o governo mantém um calendário errático de vacinação, sem precisão e com grande atraso. Tudo provocado pelo negacionismo de Bolsonaro, que preferiu não assinar contratos com as farmacêuticas, no ano passado.

Até hoje, 12.793.737 pessoas receberam a primeira dose de uma vacina, ou 6% da população. Destas, 4.334.905 (2% dos brasileiros) estão imunizados com a segunda dose. Mais de 80% das vacinas distribuídas no Brasil são doses da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac. Bolsonaro guerreou abertamente contra esta vacina, chegando a dizer, mais de uma vez, que “não compraria a vacina chinesa do João Doria”, que ela “não transmitia segurança”, que “transformaria a pessoa em jacaré” e poderia provocar “anomalias”.

Lockdown

De todos os estados do Brasil, apenas Amazonas e Roraima não estão com o sistema de saúde em colapso por falta de leitos para covid neste momento. Diante da realidade trágica, a Fiocruz divulgou, na noite de ontem, nota pedindo isolamento rígido – lockdown – por 14 dias em todos os estados sob colapso.

A instituição reafirma que esta é a única forma de reduzir a circular do vírus e assegurar uma redução de 40% no número de internações. “A continuidade dos cenários em que temos o crescimento de todos os indicadores para covid-19, como transmissão, casos, óbitos e taxas de ocupação de leitos de UTI resulta em colapso que afeta todo o sistema de saúde no país e no aumento das mortes por desassistência. Trata-se de um cenário que não é só de uma crise sanitária, mas também humanitária, se considerarmos todos os seus aspectos”, afirma a Fiocruz.

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