• 27 de outubro de 2025

Gigantes do varejo gaúcho adotam jornada 5×2 para reter e atrair mão de obra

 Gigantes do varejo gaúcho adotam jornada 5×2 para reter e atrair mão de obra

Duas grandes varejistas gaúchas estão adotando jornada de trabalho diferente do que domina o setor. E a razão? A dificuldade de preencher vagas e reter pessoas. A Comercial Zaffari, de Passo Fundo, segunda maior supermercadista do Estado e dona da bandeira Stok Center, e a rede de eletrodomésticos e materiais de construção Quero-Quero começaram a implementar escalas de 5×2 em vez de 6×1, que domina o comércio.

O atrativo para os empregados é poder ter folgas seguidas, seja no fim de semana ou em dias de semana. A carga horária de 44 horas semanais se mantém, seguindo a regra prevista da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A informação foi repassada para a coluna Minuto Varejo pela Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços (Fecosul) e pelo sindicato da categoria em Lajeado, no Vale do Taquari, onde a jornada já está em vigor.

No atacarejo Stok Center, a escala de 5×2 para preencher vagas foi adotada para a filial aberta em junho na cidade. O presidente do Sindicomerciários de Lajeado, Marco Daniel Rockenbach, diz que a oferta partiu da própria empresa. A entidade havia prevenido o grupo que, com o salário e a jornada 6×1 e ainda aos domingos, a Comercial não conseguiria candidatos. Um motivo extra na região é que as redes de varejo rivalizam com as indústrias, com remuneração superior e ainda folgas em fins de semana.

“Há grande falta de mão de obra, e a indústria é nossa grande concorrente, como em avicultura e doces”, cita o sindicalista de Lajeado. “O Stok Center achava que ia ser fácil conseguir candidatos, avisamos que tinha de pagar além do piso e ter diferenciais, como rotação de folgas, incluindo sábados”, cita o presidente do sindicato.

“Esperamos que mais redes busquem o mesmo caminho. Virou um grande atrativo. Os trabalhadores querem folga dupla”, reforça Rockenbach. A Comercial adotou o 5×2 na nova loja e ainda subiu um pouco o piso, diz o sindicalista. O grupo não respondeu ao questionamento da coluna sobre a medida.

O setor de supermercados é um dos campeões em rotatividade de mão de obra. A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) fala em mais de 60%. Os contratados saem após o período de experiência. “Tem gente que troca de empresa por R$ 50,00 a mais”, conta o sindicalista de Lajeado.

O novo esquema também seduz gerações mais novas, que são as que mais trocam de local de trabalho. “Os mais jovens não querem trabalhar sábado de tarde e domingo. Querem mais liberdade”, avisa o dirigente local.

O presidente da Agas, Lindonor Peruzzo Junior, acompanha o movimento das redes: “É uma estratégia que cada empresa está montando devido à dificuldade total de contratar e reter pessoas”, diz Peruzzo Jr, validando que a saída também busca contrapor a disputa de mão de obra com as indústrias.

Na Quero-Quero, a jornada 5×2 começou em outubro em duas lojas de Lajeado de forma piloto em Lajeado, após acordo com o sindicato, porque altera as condições anteriores. No Stok Center, não houve acordo pois foi na contratação.

“Eles (Quero-Quero) vão fazer rodízio com as pessoas, incluindo folgas na semana, para que todos tenham folga dupla em uma semana no mês. A ideia é que a pessoa possa se programar no mês”, explica o sindicalista. “Estão focando em unidades com turnover maior”.

Na região de atuação do sindicato em Lajeado, englobando oito cidades, Rockenbach diz que há 800 a mil vagas abertas com dificuldade para serem preenchidas. São 400 a 500 somente no comércio. O Via, do grupo Passarela, será aberto com previsão de 150 empregos. O grupo catarinense enfrentou problemas para reter funcionários no Lajeado Shopping. O dirigente local diz que fez alerta sobre a futura operação.

“Penso que 40 horas e escala 5×2 é o caminho mais adequado no momento para depois avançarmos para busca de uma jornada menor”, aposta Guiomar Vidor, presidente do Fecosul, que espera mais adesões de empresas ao esquema de mais folgas na semana.

A legislação trabalhista prevê número mínimo de folgas no mês, mas nem sempre o descanso é concedido dentro dos sete dias corridos da semana. Isso já gerou críticas e reações de categorias em segmentos que abrem de segunda a segunda, como supermercados e farmácias. O Grupo Zaffari, o líder do setor, foi alvo de manifestações e campanha, que inseriu a pauta da jornada. O grupo fez mudanças na rotina de trabalho, segundo apurou o Minuto Varejo.

FONTE: Jornal do Comércio

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